segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Blog do Planalto

Que rufem os tambores blogueiros, depois de Obama ser considerando um presidente up to date por usar a web em sua campanha e no governo, a nossa versão de presidente fofo estreou um blog oficial, chamado Blog do Planalto. Embora esteja com cara de site e não de blog (os comentários não estão habilitados, por exemplo), o fato de um governo criar um blog já nos tirou (humildes blogueiros) do limbo. Ter um blog era mais ou menos como ter uma tatuagem em tempos mais antigos ou um piercing em tempos mais recentes.Era preciso justificar, argumentar e sustentar as razões para blogar. Os jornalistas estavam mais envolvidos no debate porque a existência de alguns blogs subverteu a ordem institucional e o poder das notícias. Porém, na educação a história não é muito diferente. Para usar o blog na educação ou ter um blog educativo, é necessário estruturar o blog em alguns critérios estabelecidos por meia dúzia de pessoas que se julgam autoridades no assunto. Caso contrário, não é um blog "educativo". Recentemente, uma instituição selecionou alguns blogs como exemplos de blogs educacionais. Nada contra os selecionados, mas a justificativa para selecionar o blog x e não o z foi o fato de alguns blogs "avançarem nos comentários pessoais e políticos". Ou seja, algumas pessoas (sim, elas existem!) acreditam que o professor/educador não pode esboçar opiniões pessoais ou políticas, já que o blog para ser "educativo" tem que ser isento. Ora, o conhecimento e a sua transmissão nada têm de isento, quem estuda um pouco sobre estudos culturais ou a construção de identidades deve ter tido um colapso nervoso quando leu isso... A minha compreensão é que os blogs são espaços para que o sujeito (ou grupo) se coloque na web, tenha voz, visibilidade e alma. Caso contrário, o professor/educador corre um sério risco de construir um arremedo do livro didático. De qualquer forma, temos agora entre os blogueiros jornalistas, professores, presidentes, feministas, moralistas e todo tipo de gente. E viva a diversidade na web!


#Aproveitando o Blog Day, indico os cinco blogs que estão na minha lista de favoritos:
Denise Arcoverde (atualidades, mundo, mulheres)
Escreva Lola Escreva (mundo acadêmico, cotidiano, feminismo)
Paraibarama (mundo acadêmico, notícias)
E-rgonomic (tecnologias e competências digitais)
Trezentos (inclusão digital e software livre)

A UNIVESP

A Universidade Virtual do Estado de São Paulo lançou um livro para apresentar os pressupostos, conceitos e a estrutura de EAD proposta pelo consórcio paulista. O livro tem apresentação do governador José Serra, o que confirma a minha suspeita de que a EAD vem se transformando em uma política pública com foco na questão eleitoral. O livro está disponível para download e traz um histórico das diferentes propostas de educação a distância no Brasil e no mundo. Mais uma vez, a UAB aparece como a primeira ação de EAD no ensino superior e não existe uma só palavra sobre o Pró-Licenciatura. Pelo visto, até os intelectuais supremos ignoram o processo de construção da EAD no país... Vou mandar um e-mail com uma notinha simpática, por favor, consultem CARVALHO (2009) antes de afirmar que os cursos superiores a distância foram criados no âmbito da Universidade Aberta do Brasil. Será que surtirá efeito?

domingo, 30 de agosto de 2009

A Web Semântica (O quê??)

Bom, eu não comentei, mas o Pierre Lévy veio ao Brasil, fez palestras e deu várias entrevistas. Eu deveria ter sido mais atenciosa, já que usei bastante o sujeito na minha tese (quero dizer, os textos do sujeito), mas confesso que depois de muito ler a obra dele eu acabei não achando o conjunto essa maravilha toda não...É claro que tem muita coisa boa, especialmente o livro "As Tecnologias da Inteligência", onde ele apresenta idéias interessantes, como o conceito de ecologia cognitiva. Nas entrevistas recentes, Lévy falou sobre a web semântica, um projeto que ele está desenvolvendo para resolver o problema da operabilidade semântica, chamado de IEML. Segundo o blog Trezentos, "esse projeto propõe a unificação o conhecimento global através de uma linguagem comum à todas as comunidades da grande rede. Se este projeto se concretizar será uma verdadeira revolução comunicacional, uma verdadeira dissolução da comunidade babélica na qual nós vivemos". Confesso que não entendi muito bem a grandiosidade do conceito, embora possa perceber a sua praticidade em alguns aspectos. Talvez a minha falta de compreensão seja provocada justamente por ser um projeto visionário... Para conferir e tirar as suas próprias conclusões, a entrevista está disponível na íntegra no site G1.

Cultura Digital.br

O livro Cultura Digital.BR organizado por Rodrigo Savazoni e Sergio Cohn, traz uma reunião de entrevistas com alguns dos principais nomes da Cultura Digital brasileira; são eles: André Lemos, André Parente, André Valias, André Stolarski, Alfredo Manevy, Antonio Risério, Bernardo Esteves, Claudio Prado, Eugenio Bucci, Franklin Coelho, Guido Lemos, Eduardo Viveiros de Castro, Fernando Haddad, Gilberto Gil, Hélio Kuramoto, Jane de Almeida, Juca Ferreira, Ladislau Dowbor, Laymert Garcia dos Santos, Lucas Santtana, Marcelo Tas, Marcos Palácios, Ronaldo Lemos, Sergio Amadeu e Suzana Herculano-Houzel. Segundo o site da editora, "a Cultura Digital está transformando em profundidade todos os fazeres e saberes da humanidade, e o Brasil desempenha papel centrel nesse processo. Como já disse Richard Barbrook , um dos maiores especialistas na área, o Brasil colocou “pela primeira vez o Hemisfério Sul em posição central no debate sobre as tecnologias digitais”. CULTURADIGITAL.BR, ao dar voz para importantes brasileiros em atuação na área, sobre temas como política, economia, estrutura, arte, comunicação e memório no contexto digital". Só ficou faltando estar disponível para download na rede para ficar coerente com a proposta do tema.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Parabéns, Berna!

Acabo de saber a grande vencedora do Prêmio Educador Inovador 2009, foi a Teresinha Bernadete Motter! A Berna tem um blog muito interessante chamado Caminhos e faz vários projetos na sua escola, em Caxias do Sul.Eu acompanho o blog dela já faz um tempinho e sempre me surpreendo com a sua habilidade em transformar boas idéias em prática pedagógica de excelência. Quando eu escrevi o material da disciplina "Didática e o Ensino de Geografia", coloquei o blog de Bernadete como referência para os alunos de EAD. Portanto, a vitória do projeto de Berna é um reconhecimento do trabalho de excelência de uma professora comprometida que conseguiu realmente fazer a diferença e inovar com o uso das tecnologias na educação. A Lilian Starobinas fez um comentário sobre a premiação no seu blog Discurso Citado (de onde eu tirei a foto que ilustra esta postagem), ressaltando a qualidade colaborativa da rede.Eu já estava organizando um projeto de pesquisa sobre as redes sociais e educação e com o resultado de Berna fiquei mais motivada ainda para estudar o tema. Parabéns, Berna!

domingo, 23 de agosto de 2009

Overdose de Eventos

Quem reclamava da falta de eventos sobre tecnologia e educação, hipertexto, EAD, cibercultura e outros temas semelhantes, não pode mais se queixar. São tantos eventos que alguns acontecem quase ao mesmo tempo. No mês de novembro teremos três eventos em locais diferentes, com os mesmos temas para discussão. Para quem quiser enviar trabalho, alguns eventos ainda estão aceitando inscrições.


Evento: 7 Encontro de Educação e Tecnologias da Informação e Comunicação. Quando? Nos dias 21,22 e 23 de Setembro.Onde? Na Estácio de Sá, Centro/RJ
Evento: III Encontro Nacional sobre Hipertexto. Quando? Nos dias 29, 30 e 31 de outubro de 2009. Onde? UFMG/Belo Horizonte.
Evento: VI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância (ESuD). Quando? Nos dias 2,3 e 4 de Novembro. Onde? Rio Poty Hotek, São Luis/MA.
Evento: Simpósio Nacional ABCiber. Quando? 16, 17 e 18 de novembro de 2009. Onde? ESPM/SP.
Evento: I Encontro Internacional do Sistema Universidade Aberta do Brasil.Quando? Nos dias 23, 24 e 25 de novembro de 2009. Onde? Na Academia de Tênis Resort.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O desempenho dos alunos da EAD

A Educação a Distância esteve presente em diversos momentos do processo educacional nos últimos séculos, mas sempre esteve relegada a um plano menor, como uma modalidade secundária ou de segunda categoria. Nunca fez parte dos centros de excelência da academia e vários fatores podem explicar esta compreensão, apesar de ser a única alternativa, em vários países, para o prosseguimento dos estudos principalmente por questões geográficas (clima inóspito, dificuldade de transporte, grandes distâncias, localidades isoladas etc.). Segundo Edith Litwin, a institucionalização da educação a distância é relativamente recente, e a autora estabelece a década de 1960 como um marco na superação dos preconceitos em relação à educação a distância, a partir da criação das universidades a distância que competiam com as da modalidade presencial.Quando a EAD (re) surge no cenário da educação brasileira, todos os preconceitos que relacionavam a modalidade com o ensino por correspondência apareceram no centro das discussões sobre o tema. Nos últimos anos alguns resultados nos concursos para professor da rede pública e no ENADE vem subvertendo a lógica de que o aluno da EAD é, por definição, pior do que o aluno do presencial. Encontrei (by Alex Primo, via Twitter) uma notícia interessante sobre o desempenho dos alunos na educação online. Segundo a reportagem do The New York Times, os alunos que fazem uso da educação online apresentam um resultado muito superior aos alunos do presencial. Se os estudos preliminares foram se confirmando ao longo do tempo, podemos ter um cenário bem diferente dentro de poucos anos: alunos da USP fazendo greve porque não querem a educação presencial!

Curiosidades da defesa

Alguém aí já viu o episódio que o Patrick do Bob Esponja se autonomeia doutor? Ou melhor, Professor Doutor Patrick Estrela, para vocês, enquanto o Bob Esponja é o estagiário (o meu amigo Albergio sabe exatamente de qual desenho estou falando). É muito engraçado...Depois da tensão, dá até para achar graça do momento. Defender uma tese é uma daquelas experiências que não adianta muito contar, mas vamos lá:


# Regra número um: escreveu tem que pagar. Ou seja, estamos lá para justificar o nosso percurso e as nossas escolhas;


# A maior parte da banca achou o máximo as minhas pequenas transgressões da ABNT, mas a professora Mirian que também é do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, ficou brava...


# O professor Júnior disse que a escola é um aparelho repressor do Estado e que não acredita em transformação da sociedade através da educação. Embora seja um contraponto interessante, quem acredita na educação saiu da sala com vontade de cortar os pulsos...


# Minha orientadora estava mais nervosa do que eu, parecia que ela é que ia defender. Ficou incomodada com as observações dos outros enquanto eu só pensava em quanto tempo aquilo tudo ainda ia durar.


# Eu tomei tanta água durante a defesa que no final só pensava em achar um banheiro urgente. Mais cinco minutos de blá,blá, eu tinha feito xixi ali mesmo!


# No dia seguinte, todos os músculos das minhas pernas estavam doloridos por causa da tensão do dia anterior. E o povo se surpreendeu com a minha calma...


# Uma professora veio de Souza para assistir a defesa que ela só ficou sabendo através do blog. Fiquei de queixo caído!


# Primeiro eles agradecem o convite para participar da defesa, depois escalpelam a gente publicamente e, no final, registram o mérito do trabalho e a grande capacidade analítica. Se isso não é um processo esquizofrênico, eu não sei definir o que é.


# Eu fiquei feliz da vida, minha orientadora ficou feliz da vida, nós todos ficamos felizes da vida... Quem precisa de mais para viver?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Doutorado Concluído

Hoje foi o dia de enfrentar a banca examinadora com cinco doutores extremamente qualificados para dissecarem o meu trabalho em todas as suas nuances e entrelinhas. Não é tarefa fácil, a tese é como um filho e nos revelamos muito mais em nosso texto do que podemos imaginar. Assim, as incongruências, deslizes, falhas, ambiguidades, estão lá, evidenciadas para que a banca aponte. Mantendo as devidas proporções é como estar nua enquanto todos ao seu redor estão vestidos... Não é uma sensação muito agradável. Todos se supreenderam com a minha calma na apresentação, mas adiantava ficar nervosa? Uma professora do mestrado me deu um conselho interessante: fique tranquila porque ninguém saberá mais do seu trabalho do que você mesma. Talvez a calma seja fruto da minha segurança do percurso e das minhas escolhas, as pessoas podem até não gostar, mas vão ter que respeitar, e só isso importa. A defesa em si não significa grande coisa, considero o processo muito mais desgastante do que o momento da defesa. Ali, as pessoas opinam, mas fora algo mais sério, não exercem o poder de interferir diretamente no trabalho. As sugestões são interessantes porque vemos um outro olhar sobre a nossa produção, mas o contexto de avaliação tira qualquer prazer em discutir o seu trabalho. Eu adoraria argumentar, explicar, mostrar como o processo foi construído e as escolhas teóricas realizadas. Porém, a tensão do momento e o caráter formal da apresentação, acabam com qualquer desejo de sentar ao lado dos componentes da banca e falar sobre a criação, o criador e a criatura. É uma pena, porque seria bem mais proveitoso sem os rapapés para chegar até o momento da palavra final: aprovada! A melhor parte foi o almoço descontraído e muito divertido depois da defesa. O sofrimento também tem as suas recompensas...

sábado, 15 de agosto de 2009

Câmbio, desligo

Fiz o pedido de desligamento oficial da UEPB ontem e aproveitei para colocar em dia as minhas últimas responsabilidades como professora da Universidade. Entre elas, estava a apresentação das monografias dos meus orientados do curso de Licenciatura em Computação. Como sempre, os momentos da defesa são recheados de agradecimentos, reflexões sobre as trajetórias profissionais e pessoais e sobre o próprio curso. Entretanto, diante do meu desligamento da Universidade, as apresentações foram ainda mais lacrimejantes. Felizmente, os trabalhos foram excelentes, muito além das exigências de um trabalho de conclusão de curso de graduação. Mérito exclusivo dos meus orientados, já que o final de semestre foi uma loucura, eles envolvidos com suas monografias e eu com a minha tese. Mesmo com a correria, conseguimos realizar uma produção interessante, vejam só o temas: o uso do GCompris como ferramenta de software livre para a educação (Wilkens Lenon), formação de servidores no uso do Software Livre com o Edux - ferramenta SL customizada pelos próprios alunos - (Henrique Pontes, na foto), e o uso do LiveMocha como plataforma para a aprendizagem de idiomas (Eduardo Dias). Todos eles merecem dar continuidade em suas pesquisas com publicação de artigos e projetos de mestrado. Depois da missão cumprida, tapinhas nas costas e parabéns, o chefe de departamento me disse que vão abrir novas vagas para concurso público e que eu deveria me inscrever. Não tive nem condições psicológicas, emocionais ou profissionais para responder, mas não pude deixar de pensar: sorry, baby, too late...

sábado, 8 de agosto de 2009

Convite

O estresse de uma quase (mesmo) doutora

Para a minha supresa, saiu a minha nomeação da UFPE, um mês após a homologação do resultado. Eu já estava na correria para defender a tese, agora estou correndo para defender e assumir meu cargo chique de professor adjunto. Todo mundo pensa que escrever a tese é a etapa mais difícil na vida de um doutorando, mas eu descobri que a burocracia pode ser muito, mas muito pior... Em primeiro lugar, existe uma regulamentação na Universidade que estipula o prazo mímimo para a defesa em 24 meses. Isso significa que se você for dedicado, tiver trabalhado na sua tese antes de se matricular no programa, cumprir todos os créditos, fazer as proficiências e passar no exame de qualificação, ainda terá que ficar comendo mosca enquanto aguarda o tempo regimentar para a defesa. Ora, aprovada no concurso da UFPE que não foi moleza, só me restava uma saída: entrar com um recurso para antecipar a defesa. Aparentemente, seria necessário apenas um requerimento com a exposição dos motivos, mas a realidade foi bem diferente. Fui falar com todas as instâncias possíveis e imagináveis (incluindo pró-reitores e a vice-reitora em pessoa), precisei anexar documentos intermináveis (resultado do concurso, edital provando que eu podia ter feito a seleção como doutoranda, parecer da minha orientadora, parecer do PPGE, parecer da Pró-reitoria de pós-graduação, parecer do relator, histórico escolar), e isso tudo só para começar a conversa. Conseguir o histórico foi uma loucura, tive que ir atrás dos professores, implorar para que colocassem as minhas notas (inclusive as de 2008.1), correr atrás do funcionário que digita as notas (porque só existe um), entregar os artigos das disciplinas que encerraram em julho e pedir ao professor para corrigir da noite para o dia (por incrível que pareça, essa foi a parte mais fácil). Resultado: processo aprovado por unanimidade no Consepe e defesa marcada para o dia 17. Enquanto isso, corro atrás dos exames (sangue e parecer cardiológico), tiro cópias de documentos para assumir o cargo e providencio a minha exoneração na UEPB. Tudo ao mesmo tempo! Se tudo der certo, estarei em sala de aula no dia 18. Como diria o slogan da Natura, é crer para ver!

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